Ele nasceu no dia 01 de junho de 1958 em Natal/RN, numa família de
origem libanesa, inicialmente instalada em Maraguape/CE. Três anos depois, os
seus avós(Antonio José Gosson e Chafia Hamaney) se mudaram para o Rio Grande do
Norte uma vez que o tio-avô (Abdon Gosson) já havia adotado a Cidade do Sol
como sua segunda pátria.
Dos povos do deserto herdou a coragem para enfrentar desafios e uma
praticidade. Contudo, as atividades empresariais não o seduziram, preferindo a
“literatura como forma superior de realização espiritual”. Fundou
jornais(Equipe), colaborou em revistas culturais O Saco (CE), foi editor da
segunda fase do suplemento cultural “Contexto” de A Republica (1979), fez
política partidária militando no Partido Comunista Brasileiro por uma década,
foi dirigente sindical da Associação de Professores do RN, hoje SINTE, participando
da 1ª Greve do Magistério Público (1979).
Tem quatro livros publicados: O Ciclo do Tempo, poesia,1990; História do
Poder Judiciário do RN (1998), Ministros Potiguares (2005) e Poemas das
Impossibilidades(2007). Em parceria com Aluízio Mathias escreveu O Almanaque da
Poesia Potiguar (inédito). Faz parte do grupo que em 2006 reorganizou a União
Brasileira de Escritores do RN – UBE/RN, sendo eleito presidente para o biênio
2010/11. É diretor do Memorial da Justiça Des. Vicente de Lemos do Tribunal de
Justiça.
1 – Fale sobre o III Encontro Potiguar de Escritores
R. O III Encontro Potiguar de Escritores é o acontecimento cultural mais
importante do ano na cidade do Natal/RN, tendo em vista que o objetivo maior é
promover o autor potiguar, a promoção da leitura, fomentar o mercado do livro
(editores e livreiros) e chamar a atenção da sociedade para a Literatura como
uma forma superior de realização espiritual.
2 – Quais os principais objetivos da UBE/RN com a realização desse novo
encontro?
R. Mostrar ao Rio Grande do Norte, ao Brasil e, quiçá, ao mundo que aqui
temos uma literatura de excelente qualidade e que, por força do isolamento
cultural nordestino, não chega de forma sistemática ao mercado nacional.
Procurar a síntese entre literatura e mercado, sem abrir mão da inquietação do
fazer literário. Todo escritor quer ser lido. E um dos objetivos da UBE/RN é
ser o fermento deste bolo.
3 – Fazendo um comparativo dos outros encontros com esse próximo, qual a
análise que você faz? As metas foram alcançadas? O que faltou?
R. A UBE/RN, sob a nossa direção, já promoveu dois encontros verdadeiramente
de escritores e não espetáculos midiáticos. Queremos e buscamos o perene e não
o transitório. Quanto às metas, em parte. Contudo, nada nos tira do foco. Os
obstáculos são para serem vencidos . Trabalhamos duro. Nada ocorre por acaso na
natureza e na sociedade. Nem chuva cai do céu por acaso. O sucesso é construído
tijolo por tijolo. A UBE/RN hoje conta com 110 associados; está desde Dezembro
do ano passado com um site de excelente qualidade (aqui)
atualizado semanalmente; editou a Resolução nº 01/2010 que recria o jornal O
Galo, de saudosa memória; a Resolução nº 02/2010 criou um selo e a editora Nave
da Palavra, que estará em ação dentro de três meses e a Resolução nº 03/2010
instituiu o Prêmio Escritor Eulício Faria de Lacerda. Na verdade, na atual
Diretoria temos excelentes quadros, o que permite executar um bom trabalho.
4 – Qual a importância de encontro para o cenário literário potiguar?
R. Muito grande. Após a sua reorganização em 2006, a UBE/RN tem como
meta maior promover a união de todas as instituições ligadas ao fazer literário
(ANL -Academia Norte-riograndense de Letras; o IHGRN – Instituto Histórico e Geográfico
do RN; AFL – Academia Feminina de Letras; SPVA – Sociedade dos Poetas Vivos e
afins; ATRN- Academia de Trovas do Rio Grande do Norte; INRG- Instituto Norte
Rio-Grandense de Genealogia; CEC-Conselho Estadual de Cultura; CMC- Conselho
Municipal de Cultura; Grupo Casarão de Poesia; Associação Nordestina de
Teatro), uma vez que isoladamente não se chega a lugar nenhum. Na sociedade de
massas, é preciso reafirmar sempre a nossa identidade ou, como bem disse o
Subcomandante Marcos: “porque morrer não dói. O que dói é o esquecimento”.
5 – Fale sobre a programação do III EPE. Qual a expectativa da UBE/RN? O
que você destaca dela e por quê?
R. A programação está bastante diversificada, indo desde a discussão do
jornalismo político ao jornalismo cultural, Três leituras do Dilúvio:
Gênesis,Miguel Torga e Machado de Assis. Destacamos uma mesa da maior
importância para os escritores: a Compra do livro regionalizado do Nordeste que
será discutida com representantes do Ministério da Cultura – MINC e, com
certeza, trará novos horizontes. Destacamos, ainda, que esse ano comemora-se o
centenário do escritor Américo de Oliveira Costa, importante intelectual do Rio
Grande Norte. Haverá durante o encontro o lançamento do livro – O Habitante da
Biblioteca – brilhante trabalho executado por seu neto João Eduardo.
6 – Fale sobre o atual cenário da literatura potiguar? Fale das
conquistas, os problemas e as perspectivas.
R. O cenário potiguar é promissor. A renovação é inevitável: por
exemplo, o grupo Casarão de Poesia, de Currais Novos/RN, que vem fazendo um
excelente trabalho. Recentemente dois membros do grupo ganharam um dos mais
importantes prêmios literários do país: o 11º Prêmio Escriba de Poesias – 2010
Piracicaba/SP. São eles Wescley J. Gama e Iara Maria Carvalho.
7 – Fale sobre a Lei do Livro Henrique Castriciano. Na sua visão, o que
é preciso para ela funcionar de fato?
R. A lei nº 9.105/2008 (conhecida como lei Henrique Castriciano) foi
gestada durante a administração do poeta Lívio Oliveira, que a encaminhou ao Poder
Legislativo, através dos deputados Fernando Mineiro e José Dias. É um importante
instrumento legal para a criação de uma Política Cultural de promoção do Livro.
Esse ano foi colocado no Orçamento do Estado, uma verba no valor de R$
500.000,00 (quinhentos mil Reais) não sendo executado até agora nenhum centavo.
O escritor Tarcísio Gurgel, em palestra que a UBE/RN promoveu no Dia do
Escritor, afirmou que até agora não conseguiu vender seu último livro, um
excelente trabalho sobre a Belle Époque, ao Poder Público. E nos consultava
acerca de como vender. Olhe bem: Tarcísio Gurgel lida há mais de 35 anos com a
Literatura Potiguar e estava querendo saber o caminho das pedras… na verdade
vamos divulgar essa lei em todos os colégios, junto ao magistério e a sua entidade
de classe, mobilizar a sociedade civil organizada e provocar o Ministério Público
para, através do Poder Judiciário, forçar o cumprimento por parte do Executivo.
É preciso diariamente matar um leão.
8 – Fale também da Lei N° 9.169 (Promoção da leitura literária nas
Escolas).
R. Essa lei foi uma iniciativa de uma ONG presidida pela educadora
Cláudia Santa Rosa. Teve uma boa acolhida pelo presidente do Poder legislativo,
deputado Robson Faria, que realizou uma Audiência Pública. A União Brasileira
de Escritores do RN – UBE/RN apresentou diversas sugestões, que depois foram
inseridas no texto legal. Na verdade as duas leis complementam-se. O caminho a
percorrer é o mesmo da lei Henrique Castriciano.
9 – Fazendo uma análise geral, pegando os principais encontros
literários realizados no país, qual a importância desses eventos para a literatura
(escritores, leitores, editores e livreiros)? Como você vê o RN no cenário
nacional, tendo em vista a grande quantidade de encontros promovidos, alguns de
importância internacional?
R. Todos são importantes. É preciso vencer a inércia do Poder Público
pelo cansaço. O livro precisa deste quarteto para existir (escritores,
leitores, editores e livreiros). O Rio Grande do Norte ainda tem um papel
modesto. Entretanto, pode despertar o elefante adormecido e passar a
desempenhar um papel de Vanguarda. Por exemplo, atualmente está em curso um
debate entre o Ministério da Cultura e a sociedade para atualizar a lei nº
9.610/1998 dos direitos autorais. Na versão que será enviada ao Congresso, há
alguns pontos interessantes: na era da INTERNET os direitos autorais são
violados sistematicamente. Para tentar resolver minimamente essa questão em
cada faculdade ou colégio será permitido tirar xerox desde que se pague
imediatamente ao autor. Para operacionalizar essa realidade, será colocado em
cada máquina um chip ligado a um Escritório Central Arrecadador, que fará o
depósito na conta do autor. É um pequeno avanço… significativo. Recentemente,
dois dirigentes da UBE/RN Eduardo Gosson (presidente) e Francisco Alves da
Costa Sobrinho (2º secretário) participamos de uma videoconferência no
auditório do Banco do Nordeste sobre as alterações a serem inseridas na lei dos
Direitos Autorais.
FONTE - SUBSTANTIVO